terça-feira, 3 de março de 2009

Estâncias para Música
Alegria não há que o mundo dê, como a que tira.Quando, do pensamento de antes, a paixão expiraNa triste decadência do sentir;Não é na jovem face apenas o ruborQue esmaia rápido, porém do pensamento a florVai-se antes de que a própria juventude possa ir.
Alguns cuja alma bóia no naufrágio da venturaAos escolhos da culpa ou mar do excesso são levados;O ímã da rota foi-se, ou só e em vão aponta a obscuraPraia que nunca atingirão os panos lacerados.
Então, frio mortal da alma, como a noite desce;Não sente ela a dor de outrem, nem a sua ousa sonhar;toda a fonte do pranto, o frio a veio enregelar;Brilham ainda os olhos: é o gelo que aparece.
Dos lábios flua o espírito, e a alegria o peito invada,Na meia-noite já sem esperança de repouso:É como na hera em torno de uma torre já arruinada,Verde por fora, e fresca, mas por baixo cinza anoso.
Pudesse eu me sentir ou ser como em horas passadas,Ou como outrora sobre cenas idas chorar tanto;Parecem doces no deserto as fontes, se salgadas:No ermo da vida assim seria para mim o pranto

Lord Byron